sábado, 28 de março de 2020

NOTÍCIAS DA MATRIX - 6ª edição - "Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier"

Olá! Tudo bem?

Se é sua primeira vez aqui, conheça um pouco de minha história aquiaqui e aqui. Recomendo, fortemente, que leia também todos os posts deste espaço para sentir como sou, como penso, pois você pode se identificar com o Mente Investidora. Ler apenas um post pode te induzir a ter uma interpretação errônea de quem eu sou e como busco a independência financeira. Fica a dica. 

Se você não quer ou não pode ler os posts deste espaço (está em ambiente público ou dirigindo, por exemplo) ou possui deficiência visual, use o plugin Audima que se encontra no topo do título de cada postagem para ouvir seu conteúdo (basta clicar no botão play). É gratuito. Funciona como uma espécie de podcast.



Antes de tudo, friso que não sou analista de investimentos e que não faço recomendações (nunca venderei nada este blog, pois não é meu intuito ganhar dinheiro com isso, mas apenas ajudar aqueles que estão vivendo na Matrix, imersos no fenômeno da "corrida dos ratos" - veja mais aqui - a abrirem os olhos).

De início, gostaria de deixar alguns importantes avisos. 

Primeiro. Este artigo será longo, pois sinto que há necessidade de se falar sobre muita coisa.

Segundo. Se você tem problemas com depressão, não gosta de ler algo que possa lhe fazer mal, agradeço sua presença, mas não continue a leitura deste artigo, por favor. Te aguardo na próxima semana, quando da publicação do post de fechamento do mês.

Terceiro. Gravei uma entrevista para o SRIF365 falando sobre o momento pelo qual estamos passando. Ficou longa, admito, mas se tiver interesse em ouvir, ela está aqui (começa em 00:49:15). O link da primeira entrevista falando de mim está aqui.

Quarto. O que vou escrever não tem nenhum viés político-ideológico. Não sou de esquerda, direita ou centrão. Não sou nada.

Quinto. Este texto tem carga especulativa. Deixo claro que não tenho o objetivo de criar um secto de seguidores. Não sou guru. Longe disso, até porque sou apenas um pequeno investidor no Brasil, com conhecimento limitado do mercado financeiro, tentando me livrar das amarras da Matrix em que vivemos. Você pode, ao final da leitura, desconsiderar o que escrevi, mas, de qualquer forma, saliento que acho salutar o investidor ter a cabeça aberta para ouvir opiniões dos mais diferentes matizes a fim de tomar as melhores decisões, imaginando os mais diversos cenários, ainda mais levando-se em consideração o momento em que vivemos, em que boa parte dos investidores parecem ter sido seduzida pelos contos pregados pelo bull market infinito.

Sexto. Respeito se você tem opinião diversa, mas acredito em aquecimento global.

CONJUNTURA

O título deste post dá a ideia precisa do que tenho para escrever. "Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier". Provérbio chinês.

Enfim, o COVID-19 não era apenas uma marolinha ou fantasia como alguns pregavam. É um verdadeiro cisne negro, segundo Nassim Taleb, que acabou mostrando ao mundo como o mercado financeiro é um ente extremamente frágil.

Vou além. Esta crise, a meu ver, está escancarando como a civilização, apesar de todos os avanços ao longo da história, nas mais diversas áreas do conhecimento, científico ou não, é extremamente vulnerável a eventos como uma pandemia.

Como Bill Gates profetizou em sua palestra no Ted Talks (link aqui), perdemos tempo e dinheiro em criar armas de destruição em massa, como ogivas nucleares, mísseis intercontinentais, guerra cibernética, mas não nos preocupamos com algo microscópico que pode se tornar uma arma de destruição em massa.

Se o vírus causou este colapso na economia mundial, com índice de letalidade tão baixo, o que seria então do mundo, se o nível de mortandade fosse maior? O que impede que no próximo ano, tenhamos uma nova cepa do COVID? Se isto acontecer, o que será da economia mundial, com o advento de dois cisnes negros num intervalo de tempo tão curto?

E nem cheguei a falar dos problemas advindos do aquecimento global que irão afetar, ainda mais, a economia mundial. Por exemplo. Todos falando do COVID, mas, neste exato momento, está em curso um processo de alastramento da dengue, especialmente na América Latina (notícia).

Não sou especialista, mas não duvido que este fenômeno esteja relacionado ao aquecimento global. Da mesma forma com relação à nuvem de gafanhotos que destruiu muitas plantações no continente africano (notícia) e que está rumando para a Ásia. Imaginem estes insetos chegando em um país exportador de commodities agrícolas como o Brasil...

A injeção de dinheiro pelos governos nas economias mundiais não irá resolver o problema. Só está inflando a bolha ainda mais. Lembremos que a herança maldita advinda da crise do subprime em 2008 foi varrida para debaixo do tapete. E, agora, por causa desta crise de saúde, a fim de impedir ou minorar o problema de fechamento de empresas e consequente aumento do nível de desemprego no mundo, os governos se endividam mais ainda, concedendo linhas de empréstimo sem critério, helicopter money, estatização de empresas que já não vinham bem, etc.

Falando nisso, veja esta notícia, parte final. Início de discussões sobre apresentação de projeto de Proposta  de Emenda à Constituição (PEC) para que o Banco Central do Brasil possa "comprar créditos diretamente" das empresas, sem passar pelo sistema bancário.

O que é isso? Intervenção direta do Estado na economia? Onde está o livre mercado? Imaginava que este governo tivesse ideiais liberais. Por mais que reconheçamos que o momento atual é ímpar, este tipo de atitude realmente irá trazer benefícios? O Estado assumindo participações relevantes em empresas é algo bom? Como os agentes do mercado financeiro irão reagir a isso? Para onde irão as contas públicas? Em cinco anos, por exemplo, será necessária outra Reforma da Previdência?

Continuando com mais algumas indagações. Será que o dinheiro é infinito? Basta imprimir papel moeda para resolver o imbróglio criado? Será que esta injeção de recursos irá realmente beneficiar a classe trabalhadora ou só vai aumentar o fosso entre os muito ricos e os muito pobres no mundo, achatando a classe média? Será que estes empréstimos estatais, financiados pelos contribuintes, não serão utilizados na recompra de ações a preços mais baixos pelas próprias empresas a fim de engordarem seus salários, por exemplo?

O que houve com a economia japonesa depois de 2008? Estagnação absoluta e aparentemente irremediável, depois de 12 anos. Não poderia ser o futuro da economia global, já que as pessoas poderiam começar a ver que muitas empresas só geram números no papel mas não lucro propriamente dito?

Não quero assustar as pessoas, mas acho que todo investidor deve ter uma visão global do mundo, não se atendo apenas a sinais de ordem econômica. Prova maior disso é o que estamos vendo agora. Um vírus causando uma hecatombe nas economias mundiais. A crise de 1929 pode, daqui há alguns anos, ser vista como evento de pequeno escala perto desta de agora. Naquela época, o mercado financeiro, especialmente de renda variável, era infinitamente menor que o de hoje. A população mundial era bem menor. O número de pessoas abaixo da linha de pobreza, o mesmo. A escassez de comida, idem. Ninguém falava dos efeitos nefastos do aquecimento global.

Não acho que a descoberta de tratamento ou vacina para o COVID irá resolver o problema econômico instalado, pois a bolha já existia e só foi ainda mais inflada. Este momento poderia ser utilizado para "limpar" o sistema, mas não parecer ser o desejo dos governos ao que parece. Querem, de certa forma, que voltemos ao bull market o mais rápido possível. E aí, fica a indagação: é um bull market real ou fake como muita coisa hoje em dia? Parece que boa parte das pessoas está, paulatinamente, priorizando ver o mundo com lentes de Pangloss, especialmente com o advento das mídias sociais, dando maior foco ao "parecer ser" do que "efetivamente ser".

COMO A CRISE ME AFETOU NO ASPECTO FINANCEIRO?

Depois de toda explanação, quero deixar minha opinião sobre a questão da economia em si, especialmente com relação à questão de formação de carteira previdenciária. Tenho 43 anos. Só no ano passado, me livrei das dívidas e pude começar a poupar. Acho que não há como negar que o mundo passará por um processo de recessão de mundial que poderá perdurar por anos, a depender do país (o que acredito para o Brasil).

Imaginemos que tenhamos outro cisne negro dentro de 10 anos. Para aquele investidor que tem uma parcela considerável de seu patrimônio exposta à renda variável, ele já estará com 53 anos de idade, e talvez, não tenha tido tempo para recuperar o prejuízo verificado em 2020. Será que vale a pena o risco?

Pelo menos no Tesouro Direto, especialmente IPCA+, se tudo der errado, em tese, basta o governo imprimir mais dinheiro para pagar os investidores. Você pode ganhar pouco, mas está vencendo a inflação, apesar de entender que cada um tem o seu índice de inflação, sendo o IPCA apenas uma média.

Particularmente, acho improvável que o governo, mesmo falando de Brasil, resolva postergar ou não pagar os títulos quando de seu vencimento. Por dois motivos, em especial: os investidores, tanto CPF, quanto CNPJ, perderiam a confiança e nunca mais iriam investir no Tesouro Direto; como o governo impõe as taxas no Tesouro Direto, ele pode conseguir dinheiro emprestado a custo baixo, sendo uma ótima fonte de renda para pagar as suas despesas e fazer investimentos. Valeria a pena para o governo perder esta galinha com ovos de ouro?

Daí, seja para aquele investidor que está começando ou para aquele que já tem patrimônio formado, vejo o Tesouro Direto como uma boa alternativa em uma panorama tão incerto para não falar sinistro. Fazendo um mix com títulos com várias datas de vencimento, com e sem juros semestrais, dá para uma ter uma segurança maior e o mais importante de tudo: não perdendo dinheiro.

Com os agentes do mercado financeiro se utilizando de ideias tão deturpadas (será que reduzir taxa de juros é o melhor caminho para aquecer a economia se as pessoas estão com medo do futuro e perdendo o emprego?), ganância é uma palavra que não pode fazer parte do vocabulário do investidor de longo prazo.

No final das contas, em um período de 15/20 anos, com este cenário tão incerto, aquele que alocou a maior parte de seu patrimônio, se não todo, no Tesouro Direto, poderá se sair melhor do que o investidor que assumiu risco na renda variável.

Antes de ganhar, não perca. Warren Buffett.

Mas não defendo migrar tudo para os títulos do governo nacional. Sou adepto do brocardo "só a diversificação salva". Tive uma diminuição aparente de meu patrimônio com esta crise. Aparente, pois enquanto eu não der a ordem de venda do ativo no home broker, nada mudou. Nunca venda na baixa.

Todavia, para ter esta tranquilidade de não querer saindo vendendo tudo no momento do pânico, é porque eu fiz o básico: avaliei, previamente, o nível de exposição à renda varíavel que minha carteira previdenciária deveria ter. Hoje, por volta de 30%/40%. Ademais, criei em pouco mais de um ano de carteira previdenciária, um acervo de mais de 30 FIIs, mais de 20 empresas brasileiras e 68 ativos nos EUA (no fracionário). Sei que alguns negócios podem quebrar, mas, no final, o risco já está tão diluído que não me traz tanta preocupação.

Já havia decidido que todo montante de dinheiro que viesse da venda de imóveis físicos iria para renda fixa, pois não poderia arriscar perdê-lo. Assim, em meados de fevereiro, apesar de ter me arrependido de não ter enviado para minha conta no exterior R$ 120.000,00 com o dólar a R$ 4,20, resultantes da venda de uma parte de um imóvel de família, acertei ao comprar títulos do Tesouro Direto IPCA+ com várias datas de vencimento, um pouco antes da crise estourar. Reconheço que não consegui pegar as melhores taxas e que, momentaneamente, em virtude dos efeitos da marcação a mercado, houve diminuição do valor investido, mas, em contrapartida, sei que que vencerei a inflação com um plus, quando a data de vencimento chegar.

Particularmente, vislumbro duas coisas para o futuro mais próximo: valorização contínua do Dólar perante o Real; persistência de juros baixos no Brasil por mais tempo, com inflação controlada, já que a demanda será muito afetada pelo aumento da taxa de desemprego, endividamento das famílias e redução de salários.

Por conseguinte, vislumbrando que o ambiente da renda variável continuará extremamente volátil (novas quedas podem ocorrer à medida que os balanços das empresas com números ruins forem divulgados e empresas quebrando), prefiro não perder no Tesouro Direto do que me arriscar na bolsa de valores, seja em ações, FIIs, stocks e REITs.

SOBREVIVENCIALISMO

Não sabemos como será o dia de amanhã. À bem da verdade, nem sabemos se estaremos vivos. O vírus mostrou que a diferença entre viver e morrer é uma linha tênue por mais que você seja um ser precavido.

O que me fez refletir. Do que adianta planejar tanto minha vida financeira para quando me aposentar do serviço público daqui a 25 anos aproximadamente, se não tenho um plano para minha sobrevivência e finanças para o dia de amanhã?

Daí, passei a ler sobre sobrevivencialismo. Pode parecer a você que é coisa de gente com muito tempo sobrando na vida ou que é doente mental por ficar prevendo o pior, se preparando para algo que talvez nunca aconteça ou que só venha a acontecer daqui a centenas de anos.

Respeito, mas acredito que é exatamente esta preparação que pode significar você viver ou perecer em um ambiente de desordem pública. Faço, aqui, uma comparação. Estudos comprovam que maior é a probabilidade de alguém sobreviver a um desastre aéreo se ela conhece os procedimentos de emergência (prestando atenção no manual e às instruções dadas pelos comissários de voo) e fez um estudo de como irá agir em caso de emergência (sabendo, por exemplo, qual será a rota de fuga a ser adotada, onde está a porta mais próxima, etc).

À medida que as notícias sobre a pandemia chegavam, mostrando que o problema era maior do que anteriormente imaginado, passei a me preocupar com o meu futuro, de minha esposa, meus animais de estimação e familiares. Ainda mais porque começou-se a aventar a possibilidade de redução de vencimento para o funcionalismo público. Pode não acontecer, mas vou optar por ser precavido.

Estou hoje trabalhando via home office. A experiência tem sido boa. Se superarmos tudo isso, gostaria muito de continuar trabalhando em casa, pois acho mais saudável a nível psicológico (você fica livre de embates com colegas no local de trabalho), mais barato (apesar de aumentar o custo com energia elétrica, economizo com combustível e estacionamento, lembrando que tenho sistema de produção de energia fotovoltaica em casa) e mais seguro (com o aumento da taxa de desemprego, vislumbro um incremento na criminalidade).

Com o recebimento do salário, entrei em modo de emergência. Não comprei absolutamente nada com ele, tendo feito apenas pequenos aportes no Tesouro Direto com dinheiro do pet shop. Preciso ter liquidez agora, haja vista que não sei por quanto tempo irá demorar a crise. Se ela perdurar, farei o mesmo com os próximos salários. De igual maneira, imaginando a possibilidade de inflação de preços e escassez de produtos, fiz estoque de mantimentos e outros itens para aproximadamente três meses. Não esqueci dos bichanos. Tenho ração para muitos meses.

Se a situação piorar e o governo perder o controle sobre a população, tenho, pelo menos, uma arma em casa. Lamento não ter criado esta cultura de preparação antes, pois para usar armamento, você tem que estar sempre treinando. De igual maneira, deveria ter pensado em expandir minha horta e aumentado o número de frutíferas no quintal de casa, o que pode fazer enorme diferença em sua vida, caso você esteja impedido de sair de casa por um período mais longo de tempo. Já criamos codornas e galinhas, mas hoje não mais temos, o que poderia nos ajudar.

O surgimento deste episódio de proporções globais me serviu de lição. Se conseguirmos superar este evento, pretendemos: praticar tiro a fim de sentirmos preparados em caso de necessidade; comprar outra arma, de forma que minha esposa também possa utilizar, incrementando nossa capacidade de reação; criar uma mentalidade e aplicar um plano de contingência de forma que possamos estar prontos para sobreviver por período indefinido de tempo em caso de agravamento da crise e criação de ambiente de caos social.

Você pode achar que surtamos. Ok. Mas reconheça que como não sabemos o futuro, você não pode me garantir, com 100% de convicção, que este cenário seja irreal para um futuro mais próximo. Eventos do passado, como Revolução Francesa e Revolução Russa, por exemplo, mostram como a insatisfação da população com suas condições de vida podem derrubar governos, criando um ambiente totalmente anárquico, em que leis não tem mais poder de coerção.

E aí, é cada um por si. O homem, por natureza, é um ser egoísta. Quando entra no modo de sobrevivência, é capaz de fazer coisas que não faria em um estado de normalidade. Sede e fome são sensações únicas. Basta você ler depoimentos de indivíduos que já passaram por situações de privação absoluta para entender como sua mente é afetada. Antes de tudo, somos um animal repleto de instintos, instintos estes que não respeitam etiquetas e comportamentos que eram comuns em uma vida em sociedade.

Na dúvida, opto pela preparação, até porque em situações limite como as aventadas aqui, não acho plausível que você irá conseguir sobreviver por mais tempo, tendo reserva de ouro ou papel moeda em casa (não estou falando em criptomoedas, pois não haverá energia elétrica e muito menos acesso à Internet). Em pouco tempo, terá gastado tudo (a escassez de produtos terá provocado uma inflação estratosférica). Você terá que se virar com aquilo que possui. E de nada adianta a ficha cair quando você já estiver inserido em um ambiente de caos. 

Para finalizar, faço algumas observações:

1 - Se tem interesse em aprender mais sobre Tesouro Direto, recomendo o canal do YouTube Finanças para Ti;

2 - Se quer aprender mais sobre sobrevivencialismo, recomendo  os canais SobrevivencialismoGuia do Sobrevivente;

3 - Alguns podem dizer que é mais um mensageiro do apocalipse, mas gosto das análises de Fernando Ulrich no YouTube, seguidor da Escola Austríaca de economia.

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Até mais!

domingo, 8 de março de 2020

NOTÍCIAS DA MATRIX - 5ª edição - Dolarização da carteira

Olá! Tudo bem?

Se é sua primeira vez aqui, conheça um pouco de minha história aquiaqui e aqui. Recomendo, fortemente, que leia também todos os posts deste espaço para sentir como sou, como penso, pois você pode se identificar com o Mente Investidora. Ler apenas um post pode te induzir a ter uma interpretação errônea de quem eu sou e como busco a independência financeira. Fica a dica. 

Se você não quer ou não pode ler os posts deste espaço (está em ambiente público ou dirigindo, por exemplo) ou possui deficiência visual, use o plugin Audima que se encontra no topo do título de cada postagem para ouvir seu conteúdo (basta clicar no botão play). É gratuito. Funciona como uma espécie de podcast.





Antes de tudo, friso que não sou analista de investimentos e que não faço recomendações (nunca venderei nada este blog, pois não é meu intuito ganhar dinheiro com isso, mas apenas ajudar aqueles que estão vivendo na Matrix, imersos no fenômeno da "corrida dos ratos" - veja mais aqui - a abrirem os olhos).

Escrevi aqui (dezembro passado) que tinha como objetivo para 2020 dolarizar parcela da carteira a fim de alcançar, pelo menos, a proporção 30%/70% para diminuir o risco global da mesma. Seria tanto uma proteção para o fator Brasil (não sabemos o que será da nação daqui há 20 anos, quando estarei me aposentando do serviço público) como a criação de um caminho para majorar os ganhos, comprando bons ativos no exterior. Já comentei que acho muito mais fácil encontrar empresas sólidas e com bom histórico de lucratividade no exterior do que no Brasil (tenho 68 empresas/REITS/ETFs na DriveWealth, compradas no fracionário enquanto, no Brasil, pouco mais de 20). 

Ademais, penso que, no longo prazo, a tendência é a gradual e inexorável valorização do Dólar perante o Real, pois por mais que a economia dos EUA não seja 100% sólida, é inegável que é bem mais forte do que a brasileira, sem contar que o índice de produtividade do trabalhador estadunidense é quatro vezes maior do que o do brasileiro (confira aqui). Em minha modesta opinião, a única forma do Real se valorizar perante o Dólar é se a economia nacional der um salto de qualidade formidável, nunca antes visto na história, o que, sinceramente, acho muito improvável que aconteça um dia.

Como já tenho uma pequena parcela do patrimônio em ouro e não pretendo me expor a criptomoedas (acredito que em algum momento, os governos, a fim de preservar sua soberania, irão criar enormes barreiras para iniciativas privadas de criação de moedas alternativas às oficiais), apesar de reconhecer que não dá para confiar cegamente no poder de papel moeda, ainda assim, é o que me resta. Mesmo que a China continue a crescer nos próximos anos, acho improvável que, em algum dia, sua moeda tome o lugar do Dólar a nível mundial.

Não descartei, por completo, a possibilidade de comprar Dólar e Euro, na versão papel moeda, mas, se acontecer, é para ser usado nas viagens que pretendo fazer ao exterior quando não tiver mais os bichanos até porque é uma alternativa que não gera qualquer tipo de dividendos. Entretanto, creio que, em tese, quando for o momento de viajar, as cotações estarão mais altas do que as de hoje. Assim sendo, já sairia no lucro por comprar algo mais barato vários anos antes.

Entretanto, com a rápida escalada do preço do Dólar a partir de janeiro, acabei postergando a decisão de enviar dinheiro ao exterior. Em 2020, ainda não fiz nenhuma remessa. Inclusive, o dinheiro que recebi da venda de minha parte em um imóvel de família seria destinado aos EUA, mas o psicológico não deixou, pois minha mente era refém da cotação do Dólar. Tive a oportunidade de fazer o envio com o Dólar a menos de R$ 4,50 e não fiz. E agora, o preço está bem além deste marco. Errei. Perdi uma oportunidade. Mas ficou como lição.

Mas, nesta última semana, depois de ler muita coisa, especialmente na Blogsfera, mudei, finalmente, meu pensamento. Cheguei à conclusão que não adianta ficar esperando a cotação do Dólar baixar. Como tenho mais de vinte anos para aposentar, o foco tem que ser no preço médio. Acompanho a trajetória do SRIF365 há algum tempo e agora estou presenciando sua aflição com o avanço do preço do Euro perante o Real. Como ele está de mudança para Portugal para viver de dividendos e boa parte de seu patrimônio está vinculada à moeda nacional, existe, a princípio, um risco para sua sobrevivência naquele país nos próximos anos. Só acho que ele não terá problemas pois tem uma vida regrada e sem devaneios consumistas.

Mesmo que ainda não tenho decidido emigrar do país após a aposentadoria (tenho bastante tempo para chegar à uma definição), acho salutar ter esta proteção de parte da carteira com ativos vinculados à outra moeda.

Outro fator importante a ser salientado é que defini que o montante de dinheiro que chegará até mim, em algum momento, com a venda de um lote (está à venda há alguns meses) e de um apartamento (herança) será destinado à renda fixa, mais especificamente, Tesouro Direto IPCA +. Não tenho coragem de transformar um imóvel físico em ativos de renda variável (mesmo FIIs) por causa do risco inerente ao mercado. Será uma âncora de minha carteira previdenciária.

A entrada deste valor irá provocar um tremendo desbalanceamento entre as proporções de Real e Dólar no meu patrimônio. Assim sendo, devo focar no aumento de ativos em Dólar o mais rápido possível a fim de formar o contrapeso.

Por conseguinte, decidi que a partir deste mês, não farei mais aportes em minha conta na DriveWealth. Tenho lá aproximadamente US$ 10.000,00, sendo que 8.000,00 estão na conta prontos para serem utilizados na compra de ativos quando achar o momento certo de entrada. De agora em diante, as remessas irão para a conta que acabei de criar na TD Ameritrade. Deu trabalho, mas o primeiro contato com a plataforma mostrou que valeu a pena. Apesar de não ter versão em português, é bastante intuitiva e tem muito mais recursos que aquela da DW. Olhei outras corretoras, mas o fato de ser a segunda maior dos EUA e ter zerado os custos, me fez optar por ela (para mim, preços de corretagem e de custódia importam, ainda mais em Dólar, mesmo no longo prazo).

Continuarei a usar a Remessa On Line para fazer os envios. Ainda não encontrei outra opção mais barata.  

Não pretendo comprar, de imediato, os ativos, mas quando achar que é o momento, irei fazê-lo. A fim de aumentar a possibilidade de conseguir melhores taxas de câmbio, irei fazer uma remessa por semana. O limite mínimo exigido para a Remessa On Line para não ter que pagar a taxa bancária de R$ 5,90 é de R$ 2.500,00. Ademais, irei usar o cupom de desconto.

Escrevi este post para mostrar que todos nós somos passíveis de erro e que o importante é ter a cabeça aberta para enxergar outras possibilidades à sua volta. O fato de acessar conteúdo produzido por outras mentes, com outras visões não só a respeito de dinheiro, mas de mundo, nos enriquece e nos faz evoluir, não só como investidor, mas também como pessoa.

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Até mais!