quinta-feira, 30 de abril de 2020

Fechamento Abril/2020 - FIRE IN THE HOLE

Olá! Tudo bem?

Se é sua primeira vez aqui, conheça um pouco de minha história aquiaqui e aqui. Recomendo, fortemente, que leia também todos os posts deste espaço para sentir como sou, como penso, pois você pode se identificar com o Mente Investidora. Ler apenas um post pode te induzir a ter uma interpretação errônea de quem eu sou e como busco a independência financeira. Fica a dica. 

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Antes de tudo, friso que não sou analista de investimentos e que não faço recomendações (nunca venderei nada este blog, pois não é meu intuito ganhar dinheiro com isso, mas apenas ajudar aqueles que estão vivendo na Matrix, imersos no fenômeno da "corrida dos ratos" - veja mais aqui - a abrirem os olhos).



Para você entender minha evolução na jornada em busca de independência financeira e o racional utilizado, o fechamento dos meses antecedentes encontram-se na coluna FIRE IN THE HOLE deste blog. Se você é iniciante, sugiro nunca ver o fechamento de um único mês, mas a sequência deles para compreender qual é a estratégia adotada a fim de você não correr o risco de chegar a falsas conclusões.


DIVISÃO DO PATRIMÔNIO:




TESOURO DIRETO:



DIVIDENDOS RECEBIDOS NO MÊS:
JAN/2020: R$ 674,30
FEV/2020: R$ 777,00
MAR/2020: R$ 1.100,40
ABR/2020: R$ 599,50 

RENTABILIDADE MENSAL DA CARTEIRA:
JAN/2020: -2,70%
FEV/2020: -2,37%
MAR/2020: -9,85%
ABR/2020: 0,02%









Primeira observação. Notem que houve um aporte mais substancial de dinheiro neste mês, já que usei os salários de março e abril, além de uma reserva que não estava contabilizada na planilha anteriormente. A integralidade do montante foi destinada à conta recém aberta na TD Ameritrade. Para quem não começou ainda, faço uma recomendação. Começar a vincular parte de seu patrimônio a outra(s) moeda(s) mais forte(s) o quanto antes. Não cometa o meu erro. Deveria ter iniciado antes. Real não vale nada perante Dólar, Euro, Franco Suíço e a tendência é só piorar. Basta acessar a Internet para ver a escalada da cotação da moeda norte-americana perante o Dólar em 2020. Mas aí, você pode dizer: mas se houver inflação no Brasil e o governo for obrigado a aumentar os juros, a cotação do Dólar pode cair. Pode ser que aconteça e daí? Você terá oportunidade de continuar comprando mais barato. O foco tem que ser na formação do preço médio. Meu primeiro aporte nos EUA foi em 26/06/2019, com o Dólar a R$ 3,84. Depois, peguei as seguintes cotações: 3,88, 3,81, 3,78, 4,10, 4,05, 4,13, 4,12, 4,10, 4,07, 4,05, 5,38 e 5,34. Reparem duas coisas: houve oportunidades em que paguei menos no Dólar do que em remessas precedentes; a cotação não para de subir em um intervalo de tempo de menos de um ano.

Hoje, praticamente 1/5 de meu patrimônio investido (US$ 20.000,00), já está dolarizado com estas remessas realizadas desde meados de 2019, sendo que metade desta quantia foi enviada em abril/2020 com o Dólar a R$ 5,38 e a R$ 5,34. Mesmo assim, fazendo a média podenrada de todas as remessas, o meu preço médio de envio é de R$ 4,78, ou seja, R$ 0,60 a menos do que a cotação mais cara da moeda estadunidense. Metade do patrimônio nos EUA está na TD Ameritrade e a outra na Avenue, mas, doravante, até que haja alguma mudança na política de taxas de corretagem da última, todos os aportes, via Remessa On Line, serão direcionados à conta na TD Ameritrade. Tenho aproximadamente US$ 7.000,00 nesta conta para compras. É minha reserva de oportunidade. O restante está alocado da seguinte forma nas duas contas:

Stocks: MMM, ABT, ACN, BABA, GOOG, AMZN, AWR, BUD, T, BIDU, BRK.B, BLK, BG, CVX, CSCO, KO, CL, DOV, DOW, DD, EMR, XOM, GD, GE, GIS, GPC, GSK, GPRO, HON, HRL, INTC, KHC, LMT, MCD, MSFT, MDLZ, NYT, NKE, NOC, NVS, NVDA, ORCL, PEP, PETR, RIO, RDSA, CRM, SNY, SAP, SWK, T, TGT, TXN, UL, UNP, VRSN, VZ, V, WPC, DIS.
REITs: BXP, EPR, FRT, QTS, SLG, TRNO, VHT.
ETFs de renda variável: GLD, IAU, IVV, NOBL, REET, SLYV, USO, VLUE, VOO, VT, VTI, XLP.
ETFs de renda fixa: BIL, TIP, SHY.

Estas stocks estavam na minha conta da DriveWealth no fracionário. Como a conta foi migrada para a Avenue, aproveitei dez taxas de corretagem grátis para integralizar algumas delas. Com os aportes do mês de abril, comprei ETFs de renda fixa que vão servir como um patrimônio mais seguro em Dólar, mesmo que com menor rentabilidade, e como reserva de oportunidade, além de ETFs de renda variável. Estou pensando em investir em alguns REITs, mesmo que eles tenham um futuro incerto com relação ao pagamento de dividendos com esta pandemia. Entretanto, o meu foco, a partir de agora, é investir via ETFs que nada mais são do que cestas com inúmeros ativos. Basta garimpar em sites (www.etf.com, www.etfdb.com, www.finviz.com) para encontrar ETFs bem diversificados, de boas gestoras, com baixíssimas taxas de administração, já que é inegável que o risco é menor ao investir nos mesmos do que ao fazer stock picking.

Tenho notado que muitos YouTubers estão incentivando seguidores a abrirem contas no exterior para comprar ativos dolarizados nos últimos dois meses. O problema é que só falam das vantagens. No meu caso, como meu horizonte de investimentos é por volta de 25 anos, aproximadamente, quando me aposentar do serviço público, tenho uma barreira para investir nos EUA. Para não residentes nos EUA, o imposto de herança que incide sobre o que ultrapassar US$ 60.000,00 investidos. Há uma tabela progressiva de acordo com o tamanho do excedente, podendo chegar a 40%. Basicamente, se você ultrapassar tal marco, incidirá uma taxa de 26% sobre o excedente, acrescido do valor fixo de US$ 13.000,00. US$ 60.000,00 podem parecer muito, mas, na verdade, não são muita coisa pelo fato do Real ser tão fraco perante o Dólar com tendência de agravamento do movimento. Para quem tem tempo e capacidade de aporte, vai estourar o limite facilmente, até porque deve haver a valorização dos ativos adquiridos. E a mordida do imposto é tão relevante que, a meu ver, não vale a pena extrapolar o limite, sob pena de você gastar boa parte da rentabilidade que conseguiu por meio dos ativos nos EUA com este passivo.

Não bastasse isso, tem que se levar em consideração que a depender do tipo da conta aberta na corretora, há necessidade de abrir inventário nos EUA. Imaginem o custo e burocracia envolvidos.

Tendo em vista que já possuo um seguro de vida resgatável, isto é, quando da morte, o beneficiário receberá uma quantia de dinheiro, minha esposa poderia utilizar este montante para quitar o imposto sobre a herança estadunidense sobre aquilo que ultrapassasse os US$ 60.000,00. Ocorre que não vejo muito sentido em gastar tal valor com imposto. É como se eu não tivesse seguro que, ressalte-se, não é de graça.

Outra opção seria abrir uma conta bancária de depósito nos EUA, sem estar sujeita a rendimentos (se o dinheiro depositado for rentabilizado, entra no limite dos US$ 60.000,00). Mas tal iniciativa me forçaria a viajar para os EUA apenas para abrir a conta. Com o Dólar tão caro, seria uma despesa relevante.

Poderia abrir uma offshore, mas os custos de abertura e manutenção anual são muito altos. Só vale a pena para quem realmente tem muito dinheiro.

Para contonar tal problema, uma vez tendo alcançado o limite acima indicado, vou atacar em duas frentes: compra de BDRs e de moedas estrangeiras, como Dólar, Euro e Franco Suíço em papel moeda.

Se não posso ter uma conta bancária nos EUA com rentabilização por causa do imposto sobre herança, não há diferença para ter Dólares aqui em papel moeda que, de igual maneira, também não irão rentabilizar ao longo do tempo. Apesar disso, devemos notar que: a inflação estadunidense, da Europa e da Suíça são, historicamente, menores que a brasileira; que, no longo prazo, a tendência é que o Dólar vai continuar se valorizando perante o Real. Por conseguinte, vou ganhar dinheiro, mesmo não fazendo nada no decorrer dos anos, apenas pelo fato de ter moedas mais fortes do que o Real em minha custódia. A título de curiosidade, pesquisem no Google mesmo a valorização do Dólar, Euro e Franco Suíço perante o Real ao longo do tempo. Concluirão que a grande verdade é que o Real cada vez vale menos e que só vai piorar.

De posse de moedas fortes, seja em papel moeda que não gera dividendos, seja com ativos que geram rendimentos, você cria um escudo contra a inflação no Brasil. Você acredita piamente que a inflação divulgada pelo governo é a real? Passei a entender que só vou saber se meu patrimônio está crescendo no decorrer do tempo se ele for indexado a uma moeda forte, pois, aí, há ganho real. Se você ficar preso ao Real, terá uma falsa ilusão de que está ganhando dinheiro quando, na verdade, não está.

O plano é vender o papel moeda apenas quando chegar a aposentadoria (daqui a aproximadamente 25 anos). Ganharei no longuíssimo prazo sem fazer absolutamente nada. Posso vender para a casa de câmbio ou para terceiros (cada vez mais pessoas precisando de papel moeda procuram terceiros para comprá-las para fugir do custo das casas de câmbio). Também tenho a opção de utilizar em viagens ao exterior no futuro com o benefício de ter pago bem menos.

De outro lado, uma vez alcançado o limite de US$ 60.000,00 nos EUA, passarei a investir em BDRs de stocks e REITs, já que, até o presente momento, não estão disponíveis para ETFs (não sei é possível pela legislação). Não concordo com aquele que diz que investir em BDR é não estar exposto ao Dólar. A BDR é um espelho da stock negociada nos mercados estrangeiros. Daí, o que acontece lá, acontece aqui, levando-se em consideração a taxa cambial do momento. Daí, no longo prazo, mantendo em carteira BDRs de boas empresas e bons REITs, você estará ganhando com a mera valorização do Dólar perante o Real.

Interessante notar que o Primo Rico do YouTube já disse que toda sua exposição ao mercado estrangeiro é feito via BDRs. Para não ter que pagar taxas para compra dos mencionados ativos, vou usar minha conta na Clear, já que o Banco Inter e XP cobram. No que atine à exigência de ser investidor qualificado, vou preencher a auto declaração, informando que entendo os riscos da operação e já que tenho ativos no exterior, a fim de conseguir a liberação pela corretora.

Creio que a partir do momento que as pessoas tomarem ciência das questões tributárias e sucessórias relacionadas aos investimentos nos EUA, mais investidores passarão a investir em BDRs (veja o histórico aqui), aumentando a sua liquidez. Você pode ter problemas em investir em BDRs caso sejam de empresas pouco conhecidas lá fora. Irei focar apenas naquilo que realmente seja grande. Você pode aprender mais sobre o instrumento aqui.

Acredito que com este plano, vou poder proteger meu patrimônio do risco Brasil, com ganho real ao longo dos anos e com alta diversificação, pois não irei me desfazer dos ativos nacionais. A princípio, o foco é deixar 50% da carteira previdenciária vinculada a outras moedas. Se notar que o risco Brasil vá aumentar, posso ampliar tal limite.

Segunda observação. Como expus acima, não fiz nenhuma compra, seja de renda fixa ou renda variável, no Brasil. Nos próximos meses, o nível de aporte irá cair, pois terei que enfrentar uma reforma no telhado de casa, além de ter uma redução salarial. Contudo, de qualquer maneira, o objetivo é aportar agora apenas em outras moedas a fim de elevar, o mais rápido possível, o índice atual de 20% de dolarização da carteira previdenciária. Afirmei em outros posts que pelo fato de não ter prole, mesmo cuidando de quase 30 animais, possuímos um custo de vida baixo, pois somos caseiros e não afeitos a impulsos consumistas. Consequentemente, por volta de 75% do salário mensal é destinado para os aportes. Mas saibam que isto tem custo, nós somos obrigados a ter que abrir mão de várias coisas. Tudo na vida tem o seu preço. 

Terceira observação. Reparem que os dividendos/rendimentos recebidos no mês caíram consideravelmente. Isso já era esperado. Mais um motivo para focar tais recebimentos em Dólar por meio dos ativos que se encontram nos EUA.

Quarta observação. A fim de possibilitar uma visão mais realista da situação da carteira previdenciária, a partir deste post de fechamento do mês, irei atualizar, de acordo com o preço de fechamento das cotações do ouro e Dólar no mês, as minhas posições vinculadas a este ativos.

Quinta observação. Além do Dólar, pretendo vincular o meu patrimônio a outras moedas fortes, pois não posso confiar cegamente na saúde da moeda estadunidense. Assim, vou comprar Franco Suíço e Euro (este, com maior cautela, pois a comunidade europeia irá enfrentar grandes desafios a partir de agora com o enorme endividamento dos países membros por causa do COVID19). A primeira opção seria adquirir papel moeda, mas é mais caro, mais inseguro (por causa da guarda do mesmo) e mais custoso (posso ter problemas com a conservação por causa de umidade, por exemplo). A alternativa seria abrir uma conta no exterior. É mais barato enviar dinheiro pela Remessa On Line, por exemplo, do que comprar papel moeda na casa de câmbio. Iria abrir uma conta em um banco português pela Internet, mas terei que esperar a crise passar para obter novo passaporte que é documento indispensável para a abertura da mesma. Com este numerário lá, posso pegar o cartão de débito internacional e usá-lo, no futuro, durante as viagens ao Velho Continente.
 
Sexta observação. Para o mês de maio, o plano é dividir o aporte da seguinte forma: 33,33% na TD Ametridade; 16,67% em BDRs; 16,67% em reserva de oportunidade no Brasil, tendo em vista que prevejo nova(s) queda(s) forte(s) do IBOV por causa das crise política e de saúde; 16,67% em reserva de emergência (pois posso ter problema com pagamento de salário no futuro); 16,67% para conversão futura em Franco Suíço e/ou Euro, a fim de expor parte de meu patrimônio a outras moedas fortes (veja aqui como a moeda nacional está perdendo valor ao longo do tempo).

Quaisquer dúvidas e comentários, sempre bem-vindos, escreva na área de comentários.

Continuaremos nosso bate-papo no próximo post.

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Até mais!

domingo, 19 de abril de 2020

NOTÍCIAS DA MATRIX - 7ª edição - Dolarização da carteira

Olá! Tudo bem?

Se é sua primeira vez aqui, conheça um pouco de minha história aquiaqui e aqui. Recomendo, fortemente, que leia também todos os posts deste espaço para sentir como sou, como penso, pois você pode se identificar com o Mente Investidora. Ler apenas um post pode te induzir a ter uma interpretação errônea de quem eu sou e como busco a independência financeira. Fica a dica. 

Se você não quer ou não pode ler os posts deste espaço (está em ambiente público ou dirigindo, por exemplo) ou possui deficiência visual, use o plugin Audima que se encontra no topo do título de cada postagem para ouvir seu conteúdo (basta clicar no botão play). É gratuito. Funciona como uma espécie de podcast.



Antes de tudo, friso que não sou analista de investimentos e que não faço recomendações (nunca venderei nada este blog, pois não é meu intuito ganhar dinheiro com isso, mas apenas ajudar aqueles que estão vivendo na Matrix, imersos no fenômeno da "corrida dos ratos" - veja mais aqui - a abrirem os olhos).

Não vou entrar na questão política, pois acho que não é o foco do espaço e pelo fato de que para mim, não importa se é esquerda, direita ou centro. Os políticos, de maneira geral, sempre irão colocar seus interesses particulares sobre os da nação.

Na atual conjuntura, muito tem-se discutido sobre o poder que o Estado tem sobre as vidas das pessoas e sua grande influência sobre a economia do país. Restrições ao direito constitucional de ir e vir e atuação direta e relevante sobre o mercado, nem sempre com as melhores decisões, fazem muitos questionarem o papel estatal.

Contudo, não acho que o mundo funcionaria sem a figura do Estado. A meu ver (respeito opiniões contrárias), é utopia achar que um grupo de pessoas é funcional vivendo em um ambiente de total anarquia, sem nenhuma figura de autoridade. O ser humano é egoísta, por natureza. E cobiça aquilo que não tem (tanto o que é necessário, como o supérfluo). Com tantas almas no mundo (espero que esta crise faça que seja instituído um programa global de controle de natalidade, o que já deveria ter sido feito) e escassez de recursos das mais diversas ordens, cada um teria que defender o seu à base da bala, por assim dizer. Não vejo como esta realidade poderia vingar no médio, longo prazo.

No que atine ao "modus operadi" nada ético de nossa classe política, isto existe em todo mundo, mas parece que no Brasil, é algo que faz parte de seu DNA.

Com a reforma da previdência no ano passado, abriu-se um horizonte para contenção dos gastos públicos nos próximos anos, apesar de entender que outra reforma seria necessária em menos de 20 anos. Outras reformas estavam previstas, mas com o clima instalado entre as 3 esferas do poder, acredito que há grande probabilidade das mesmas não saírem do papel tão cedo porque: teremos eleições municipais neste ano (se não acontecer, ficarão para 2021 e todos sabem que em ano eleitoral, os projetos não costumam andar no Congresso Nacional); a classe empresarial, em certa medida, não gostou de nenhum dos projetos de lei de reforma tributária colocados à mesa (a impressão que tenho é que parte dos mais ricos, banqueiros, donos de grandes indústrias e varejistas, não quer pagar mais imposto, deixando a conta apenas para os assalariados); reforma administrativa tem fortes lobbies contrários dos mais variados segmentos do funcionalismo público. Por conseguinte, se nada sair em 2021, nada deve acontecer em 2022, pois é ano para eleição do novo Presidente.

Alguns podem dizer que sou pessimista. Tudo bem. Mas acho que é irrefutável a constatação de que os danos gerados à economia nacional pelo vírus são de uma magnitude jamais vista. Vamos nos basear nos números de desemprego dos EUA. As estimativas já falam em mais de 20 milhões de desempregados lá. É uma economia que tem os seus problemas, mas que, em tese, vai recuperar muito mais rápido do que qualquer outra, até porque, especialmente se Trump for reeleito, o aumento do protecionismo deverá acontecer com migração de fábricas da China para solo norte-americano. O desemprego lá era baixo antes do COVID.


Aqui, a história é bem diferente. Além da economia ser bem menos eficiente, o nível de desemprego já beirava os 12%. Com esta crise, é possível que tenhamos 25/30 milhões de desempregados. Volta da inflação é algo bem real. Talvez, não aconteça neste ano, mas há boa chance para 2021. Se os outros países encerrarem suas atividades na China (já tem notícia a respeito), os custos de vários produtos deverão aumentar.

E como o Brasil tem um perfil muito mais importador do que exportador, iremos sofrer com aumento de preços e provável volta da inflação. Com o regresso da famigerada, nosso poder de compra irá diminuir e o fosso do Real perante o Dólar só tenderá a aumentar. Ademais, com muitos desempregados, vários CNPJs serão encerrados e o mercado acionário (ações e FIIs) poderá ter quedas relevantes ou, no mínimo, ter uma linha lateralizada por bastante tempo.

Como se proteger disso? A meu ver, não há uma resposta. Não vejo, hoje, nenhum ativo que possa me dar rentabilidade com pouco risco. Tenho mais de 50% da carteira em Tesouro Direto IPCA+, mas este aumento da dívida pública começa a me preocupar. Não sei se o Tesouro postergaria ou deixaria de pagar os credores quando do vencimento dos títulos, pois o instrumento perderia credibilidade no mercado. Seria estúpido o governo deixar de pagar credores que emprestar altas quantias de dinheiro à baixa taxa de juros. Mas quem pode garantir?


Neste mar de incertezas, estava pensando em aumentar minha posição no Tesouro Direto IPCA+. Entretanto, apesar de ainda acreditar ser improvável o governo não pagar os títulos, não posso colocar todos os ovos em uma única cesta. Só diversificação salva.


Daí, conforme já salientei em outros posts, não resta outra alternativa a não ser dolarizar, o mais rápido possível, pelo menos 50% de minha carteira previdenciária. Mesmo que o mercado acionário nos EUA não vá muito bem pelos próximos anos (de um lado, temos a dívida astronômica do governo e de outro o fato de que os EUA tem um poder de recuperação econômica formidável), vou compensar possíveis perdas com o ganho na cotação do Dólar.


É possível que haja desvalorização do Dólar por causa da injeção de dinheiro no mercado pelo FED. Isso seria ruim para quem recebe em Dólar, pois o poder de compra seria comprometido. Mas, como moro no Brasil, recebendo e gastando em Real, e sendo o Real uma moeda muito mais fraca que o Dólar, não seria tão afetado.

Se, hoje, a cotação do Dólar está por volta de R$ 5,20, é plenamente viável imaginar chegando aos R$ 6,00 ao final do ano, até porque a equipe econômica disse, por mais de uma vez, que não irá segurar. Sinceramente, não vejo o Dólar recuando aos R$ 5,00. Assim sendo, acho que quanto mais rápido eu dolarizar parte do patrimônio, melhor, lembrando que, no meu caso, o panorama de investimentos é por volta de 25 anos (daqui a 25 anos, a cotação do Dólar poderá ser de R$ 10,00, facilmente).

E para mim, a hora de começar este plano de dolarização é agora, já que o patrimônio acumulado é relativamente baixo. Para quem tem muitos ativos em Real, fazer esta mudança levará anos, se não décadas.


A minha esperança é conseguir um cartão de débito ou crédito internacional vinculado à conta em Dólar que me possibilite não só pagar os gastos de viagens ao exterior que pretendo fazer no futuro, mas também, quitar as despesas que tenho no Brasil. Mesmo que para isso, tenha que viajar aos EUA, já que a legislação do país não permite a abertura de conta via remota.

Como já tenho conta na TD Ameritrade, a rota mais fácil seria abrir uma conta bancária no TD Bank, o que permitiria o acesso ao cartão de débito ou crédito internacional. De outro turno, como tenho conta na Avenue, aguardo para o segundo semestre notícia de possível implementação de cartão de débito ou crédito internacional para a sua clientela.

Este é o meu raciocínio. Acredito, piamente que, no longo prazo, o fosso entre as cotações do Dólar e Real só tende a aumentar. Então, se hoje eu pago por volta de 5,15 Reais em 1 Dólar, daqui a alguns anos, um único Dólar poderá estar valendo 7 reais. Com o cartão de débito ou crédito internacional, vinculado à minha conta bancária nos EUA, poderei, no decorrer dos anos, usar a mesma quantidade de Dólares para quitar uma conta cada vez maior em Reais. É como se eu virasse um estrangeiro, recebendo em Dólares, vivendo no Brasil, com custo em Reais.

Acredito que desta forma, vencerei a inflação interna com o benefício de não ficar com tanto patrimônio concentrado no Brasil.

Este cenário, em contrapartida, só fortalece o meu pensamento de que não faria sentido emigrar do país no futuro após a aposentadoria do serviço público, pois o meu vencimento é em Real e o câmbio perante o Real ou Euro jamais me será favorável. Um belo dia, poderia chegar à conclusão de que não conseguiria mais me manter vivendo lá fora, tendo que regressar ao Brasil.

Ademais, vemos relatos de alguns estrangeiros que recebem em Dólar, Euro ou outra moeda mais forte, optando por morar em países com custo de vida mais baixo, exatamente para ter em seu favor o benefício da cotação cambial.

A única maneira de aniquilar este problema seria ter uma fonte de renda na moeda do país em que você pretende viver. Pensando em EUA ou Europa, você teria que ter muito patrimônio em Dólar ou Euro que pudesse gerar uma renda passiva que lhe trouxesse tranquilidade para passar o resto de sua vida lá fora, o que, lamentavelmente, não é o meu caso.

Para finalizar, faço indicação de um canal no YouTube (link aqui) que descobri na última semana. Otávio Paranhos mostra que vai priorizar o investimento no exterior, exclusivamente, via ETFs, dado que seu risco é menor do que fazer stock picking de stocks e REITs, já que você está adquirindo uma cesta com inúmeros ativos. Se um ou alguns forem mal, você ainda teria um número muito grande de ativos para fazer a compensação e para este plano funcionar, não seria necessário ter um número muito grande de ETFs. Já conhecia esta estratégia, mas como achei a apresentação do tema pelo Otávio tão interessante e bem fundamentada, passei a seguir o seu espaço. 

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Até mais!

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Fechamento Março/2020 - FIRE IN THE HOLE

Olá! Tudo bem?

Se é sua primeira vez aqui, conheça um pouco de minha história aquiaqui e aqui. Recomendo, fortemente, que leia também todos os posts deste espaço para sentir como sou, como penso, pois você pode se identificar com o Mente Investidora. Ler apenas um post pode te induzir a ter uma interpretação errônea de quem eu sou e como busco a independência financeira. Fica a dica. 

Se você não quer ou não pode ler os posts deste espaço (está em ambiente público ou dirigindo, por exemplo) ou possui deficiência visual, use o plugin Audima que se encontra no topo do título de cada postagem para ouvir seu conteúdo (basta clicar no botão play). É gratuito. Funciona como uma espécie de podcast.



Antes de tudo, friso que não sou analista de investimentos e que não faço recomendações (nunca venderei nada este blog, pois não é meu intuito ganhar dinheiro com isso, mas apenas ajudar aqueles que estão vivendo na Matrix, imersos no fenômeno da "corrida dos ratos" - veja mais aqui - a abrirem os olhos).



Para você entender minha evolução na jornada em busca de independência financeira e o racional utilizado, o fechamento dos meses antecedentes encontram-se na coluna FIRE IN THE HOLE deste blog. Se você é iniciante, sugiro nunca ver o fechamento de um único mês, mas a sequência deles para compreender qual é a estratégia adotada a fim de você não correr o risco de chegar a falsas conclusões.

DIVISÃO DO PATRIMÔNIO:
RENDA FIXA: 61,3%, sendo a maior parte em Tesouro Direto
RENDA VARIÁVEL: 38,7%, sendo 24,8% em FIIs e o restante em ações no Brasil e nos EUA

TESOURO DIRETO:
Préfixado 2022: 1,83% (taxa média de rentabilidade: 6,46%)
Préfixado 2023: 0,34% (taxa média de rentabilidade: 5,329%)
IPCA + 2024: 18,31% (taxa média de rentabilidade: 3,249%)
IPCA + 2026: 22,36% (taxa média de rentabilidade: 2,60%)
IPCA + 2035: 19,15% (taxa média de rentabilidade: 3,641%)
IPCA + 2040 com juros semestrais: 5,73% (taxa média de rentabilidade: 3,368%)
IPCA + 2045: 32,29% (taxa média de rentabilidade: 3,673%)
IPCA + 2050 com juros semestrais: irrisório (taxa média de rentabilidade: 3,51%)

DIVIDENDOS RECEBIDOS NO MÊS:
JAN/2020: R$ 674,30
FEV/2020: R$ 777,00
MAR/2020: R$ 1.100,40

RENTABILIDADE MENSAL DA CARTEIRA:
JAN/2020: -2,70%
FEV/2020: -2,37%
MAR/2020: -9,85%

Primeira observação. Como os números mostram, o ano de 2020 tem sido difícil para mim, especialmente em março, com o problema do COVID19 afetando a economia mundial e, por conseguinte, minha carteira previdenciária. Qualquer um fica chateado vendo o seu patrimônio diminuir de tamanho, mas não há muito o que se fazer. Renda variável varia, não tem jeito. É impossível determinar quando virá a baixa (ninguém previu a pandemia e que traria resultado de tamanha magnitude). De igual maneira, não sabemos se estamos entrando em uma fase de bear market mais duradoura ou não, até porque é fato público e notório que a economia global já não era saudável antes do surgimento do vírus. Com este panorama, recessão já é esperada. No mundo todo. Não dá para prever por quanto tempo irá demorar. Também não dá para cravar se o Brasil irá sair mais rápido do que as grandes economias estrangeiras. Particularmente, apesar de entender que nossa economia não estava na mesma fase do ciclo econômico que a dos EUA (estávamos subindo a colina enquanto os EUA já estavam em seu cume), acho que iremos demorar mais a sair do fundo do poço, pois não temos tanto poder de fogo para combater o problema instaurado e porque nosso grau de eficiência é bem menor do que o da economia estadunidense. O que me preocupa muito é o aumento do índice de desemprego no Brasil. Já era alto e o governo não estava fazendo nada para diminuí-lo. Quando da época da reforma da CLT e do lançamento da CTPS verde amarela, a promessa era que tais iniciativas iriam facilitar a contratação de empregados. Mais de seis meses depois, o resultado: taxa de desemprego ainda na faixa de doze milhões e cada vez mais brasileiros na informalidade ou em sub empregos (coloco aqui os motoristas de aplicativos de locomoção). Respeito quem tem posição divergente, mas a equipe econômica, no meu entender, não se preocupa com os pobres e a classe média. Para os primeiros, não gera emprego. Para a classe média, não atualizou, por exemplo, a tabela do IRPF, fazendo com que perca poder de compra. A impressão que tenho é que o objetivo é deixar os mais ricos cada vez mais abastados, até porque o Ministro da Economia veio deste meio (era banqueiro antes de aceitar o convite do Presidente). Entendo que é um tiro no pé aumentar o fosso entre os muito pobres e muito ricos, pois não haverá demanda para consumo de produtos e serviços. E nenhuma economia sobrevive sem consumo (basta ver o que está acontecendo neste exato momento).

Segunda observação. A minha torcida era para que o aparecimento deste cisne (para alguns, negro e para outros, branco) fizesse com que o mercado financeiro fizesse uma auto-limpeza, um processo de saneamento para, se não exterminar, diminuir o tamanho da herança maldita deixada pela crise do subprime em 2008. Deixar quebrar aquilo que não é saudável. Entretanto, pelo que vimos até agora, acho que não vai acontecer. Os governos estão injetando quantidades cavalares de liquidez no sistema, repetindo o modus operandi de 2008. Por mais que entendamos que estamos passando por um período único e grave da história, será que é o melhor a se fazer? Será que este dinheiro realmente será utilizado para os fins desejados? Será que os governos podem continuar a aumentar seus déficitis por prazo indeterminado, imaginando que nunca chegará o momento em que terão que pagar a dívida?


Terceira observação. Será que mais uma vez os bancos centrais irão empurrar a resolução do problema para frente? Será que eles querem realmente resolvê-lo ou pensam que agora sua única tarefa é fornecer liquidez ao sistema quando este vai mal? Os bancos centrais, então, pensam que é possível viver em bull market para o resto da vida? São muitas indagações, sem resposta, lamentavelmente. O grande receio que tenho é que durante esta crise ou mesmo após (pode levar dias, meses ou anos), a grande bolha exploda. E aí, o dano à economia gloral será maior ainda, podendo, numa visão mais alarmista, se tornar irreversível, pois as pessoas podem perder a confiança no sistema. Poderíamos cair num ambiente de absoluto caos, tanto econômico como social. Imaginem que ao invés de 12, tenhamos 20 milhões de desepregados no Brasil (você viu o relatório divulgado na última semana mostrando o aumento absurdo do número de solicitações de auxílio desemprego nos EUA?)!! Se nos EUA, chegou a este patamar, o que pode acontecer aqui se o nível de desemprego já era muito alto? Você acha que esta massa irá para o semáforo vender balinhas? Não querendo ser alarmista, mas acredito que de nada adiantará ter imóveis, ativos no mercado financeiro, papel moeda ou ouro debaixo do colchão. O que te manterá vivo será sua capacidade de sobreviver, de se defender e de conseguir água e comida. Lamento por não ter me preparado para tal situação. Alguns podem me chamar de mensageiro do caos, mas respondo com o seguinte argumento. Aquela pessoa que busca independência financeira, via FIRE, faz isso porque não quer ficar dependendo do governo, de sua aposendoria estatal, assumindo, assim, o absoluto controle sobre suas finanças para não ter surpresas desagradáveis no futuro. Quanto mais cedo começa, mais fácil, será. E você só terá êxito se cumprir o planejamento traçado ao longo de anos ou décadas. Daí, pergunto: qual é a diferença, então, entre se preparar para ser FIRE ou para sobreviver em um ambiente de absoluto caos? O raciocínio é o mesmo. Você conta que tudo vá bem, mas tem que ter um plano caso as coisas não saiam como planejado, pois a vida é assim. Imprevistos sempre acontecem. Não acha que você terá chance se um belo dia acordar com o país já imerso na completa anarquia.

Quarta observação. Sou uma pessoa pessimista por natureza, mas mesmo assim, não me planejei para este cenário mais desafiador que pode surgir. Apesar de ter um quintal, uma arma, produzir frutas e hortaliças, além de ter feito um estoque de comida para mim, minha esposa e bichanos por aproximadamente três meses, é pouca coisa. Poderia ter continuado com a criação de codornas, mas desisti há alguns anos. Se houver uma janela de oportunidade, irei correr atrás do prejuízo para me preparar para o pior caso venha daqui há alguns meses ou anos, comprando mais armas, voltando a criar codornas para ter fonte de proteína animal, expandindo a horta, fazendo melhoramentos na segurança da casa e me preparando física e psicologicamente para o pior.

Quinta observação. Enquanto isso, estou mais cauteloso no que atine aos investimentos. A carteira previdenciária diminuiu de tamanho, mas o fato de ter a maior parte dela atrelada a títulos públicos, fez com que o tombo não fosse tão grande. É nestes momentos que é bom ter renda fixa para aquela pessoa que não quer estar 100% exposta ao risco do mercado. Fiz compras de Tesouro Direto IPCA+ com várias datas de vencimento. Não adquiri nada na renda variável, pois acho que o mercado voltará a cair quando as empresas começarem a quebrar, a taxa de desemprego disparar (sem emprego, sem demanda, sem negócios, sem lucro) e os relatórios trimestrais das empresas começarem a ser divulgados. Não acho que a queda ocorrida já tenha precificado, por completo, estes fatores citados. Pretendo voltar a investir na renda variável, pois há boas empresas a bons preços, lembrando que ainda tenho um horizonte de aproximadamente 25 anos até a aposentadoria. Mas vou priorizar empresas concessionárias de serviços públicos (apesar de diminuição da demanda, o serviço vai continuar a existir), bancos (podem ganhar com aumento de contratação de empréstimos) e aquelas que tem caixa para enfrentar a crise, pois se resistirem, podem se tornar mais rentáveis, abocanhando maior parcela do mercado, já que parte da concorrência vai ter quebrado. Além disso,  por causa do agravamento da crise e pelo fato de não sabermos por quanto tempo iremos viver em quarentena, vejo, hoje, maior possibilidade de aumento de inflação no país. E com a cotação do Dólar livre (muitos dos bens e serviços que consumimos depende do Dólar), a tendência é que nosso poder de compra seja diminuído em maior escala, lembrando que como funcionário público, devo ter o salário congelado por muito tempo. Daí, devo dolarizar a carteira com mais afinco a fim de me proteger desta inflação que pode chegar. Falando nisso, comunico que resolvi migrar a carteira que tinha na DriveWealth para a Avenue e que em abril, já fiz o primeiro aporte na conta que abri na TD Ameritrade no mês passado. Fiz esta opção para não ficar preso apenas a uma corretora nos EUA.

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