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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Qual será o futuro econômico do mundo?

Olá! Tudo bem?

Se é sua primeira vez aqui, conheça um pouco de minha história aquiaqui e aqui. Recomendo, fortemente, que leia também todos os posts deste espaço para sentir como sou, como penso, pois você pode se identificar com o Mente Investidora. Ler apenas um post pode te induzir a ter uma interpretação errônea de quem eu sou e como busco a independência financeira. Fica a dica. 

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Penso que o investidor, especialmente aquele que trabalha com um prazo muito longo de aportes, deve não só analisar a conjuntura econômica atual como também a dos próximos anos, a fim de, por um lado, ter possibilidade de aumentar a rentabilidade da carteira previdenciária e, de outro prisma, tentar se proteger de crises que irão ocorrer. Já falei de ciclos econômicos neste espaço.

Não é questão de um exercício de futurologia. Traçando um comparativo, é a mesma tarefa que você teria ao analisar se uma empresa tem um negócio perene que possa render frutos por um bom tempo, trazendo retornos consistentes.

Hoje, vemos grandes economias mundiais trabalhando com taxas de juros bastante baixas e até negativas. É uma clara consequência da crise do subprime de 2008, onde os governos e empresas endividarem-se sem parcimônia alguma. E as dificuldades não foram resolvidas desde lá. Com nova desaceleração da economia global, vemos os bancos centrais lançarem novas rodadas de queda de taxas de juros, na expectativa que com esta injeção de recursos no mercado, o consumo volte.

Lembremos que em 2008, os juros não estavam tão baixos. O cenário, agora, é mais grave. Será que nova redução de juros, que já estão na mínima, é a solução ou os governos só estão protelando a resolução da problemática instalada? Em minha modesta opinião, sou partidário do segundo pensamento.

Não tenho formação em Economia, mas penso que o problema é mais sério do que isso. O que o mundo está vivendo hoje decorre, em certa medida, da mudança do comportamento do homem médio.

Primeiro, devemos salientar que a taxa de natalidade está caindo em boa parte dos países, incluindo Brasil que ainda é um país de Terceiro Mundo (veja mais aqui). Japão, por exemplo, já possui mais idosos do que jovens há alguns anos. Como o sistema previdenciário de qualquer nação poderá sobreviver se cada vez há menos pessoas economicamente ativas para sustentar os aposentados? É um problema de dificílima solução.

Os costumes mudam. Proles grandes eram a regra, pois como os pais costumavam morrer cedo (problemas de acesso a recursos da saúde pública, Medicina em um estágio não tão avançado, guerras), acabavam tendo vários filhos com a crença de que alguns iriam morrer na infância ou adolescência. Além disso, pensava-se que quanto mais integrantes da família gerassem renda, melhor seria para o núcleo familiar.

Todavia, com o passar das décadas, os casais notaram que o custo de criar um filho desde o seu nascimento até a finalização do curso superior é extremamente alto (veja mais aqui). Os norte-americanos nunca tiveram um nível de endividamento com universidades como antes na história (clique aqui).

O pensamento agora é o de ter o menor número de filhos a fim de concentrar todos os esforços e economias para que o mesmo tenha sucesso na vida profissional após a graduação. Deixou-se de lado aquela tradição que dizia que filho único seria um problema porque foi criado sem precisar dividir as coisas com os outros.

Não bastasse isso, o comportamento do consumidor, com o avanço da tecnologia e do conhecimento, está mudando de forma acelerada. Hoje em dia, boa parte dos indivíduos, especialmente os mais jovens, tende a valorizar mais viagens e experiências do que o ato de adquirir e acumular coisas. Airbnb, hostel, aplicativos de transporte urbano privado, programas de compartilhamento de automóveis, home office, fintechs, computação em nuvem, cobrança de tarifa de bagagem pelas companhias aéreas são alguns reflexos desta nova mentalidade.

Temos visto pessoas vendendo imóveis para morar de aluguel, deixando o dinheiro resultante da venda rentabilizando no mercado a fim de gerar renda passiva a fim de possibilitar, em tese, a concretização de sonhos. Outros vendem o automóvel, adotando o transporte público, bicicletas e aplicativos como o Uber a fim de não ter mais gastos com a manutenção do mesmo, como IPVA, seguro, peças, pneus, etc. Pessoas viajando apenas com uma mala de até 10 kg para curtir a viagem e pagar menos, não se importando em trazer lembranças dos locais visitados.

Temos visto casos de pessoas que unem o útil ao agradável, passando a morar em trailer ou motorhome. O indivíduo não tem o custo de manter um imóvel tradicional, mas, ao mesmo tempo, possui a liberdade de usar o carro/casa para viajar, sem ter que gastar com hospedagem.

Produtos e iniciativas ligados ao consumo consciente e reaproveitamento de itens já utilizados não param de se expandir, o que afetará a economia global.

A onda do minimalismo está se irradiando como nunca antes. Basta navegar na Internet e você encontrará muito conteúdo a respeito do tema. Se você tem menos posses, você precisa de menos espaço para viver. Daí, as empresas do mercado imobiliário são obrigadas a se adequar a esta nova realidade, o que pode afetar a rentabilidade do negócio.

Não bastasse isso, temos jovens que optam por continuar a morar com os pais, mesmo após a conclusão do ensino superior por comodidade e/ou contenção de despesas ou, simplesmente, porque não querem constituir família. Veja mais aqui e aqui.

Vemos, ainda, a figura do incel. Na maioria dos casos, homens heterossexuais, celibatários involuntários. Em outra ponta, temos cada vez mais mulheres reclamando que não conseguem se envolver, de maneira mais séria, com homens, deixando, assim, de constituírem família. Ou mulheres tendo prole cada vez mais tarde, sendo que o principal motivo para tal comportamento é a priorização da carreira profissional.

Outro destaque relevante é a substituição do homem pela máquina e inteligência artificial. Se este trabalhador é expulso do mercado de trabalho, ele irá deixar de consumir por ter queda ou extinção absoluta de renda.

Todos estes fatores somados me fazem crer que as economias, hoje tão dependentes do consumo, irão continuar a sofrer por um bom tempo. E não é reduzindo taxa de juros que o problema será resolvido. A questão é de ordem sociológica e não econômica.

Acredito que tal panorama se tornará um tremendo desafio tanto para governos quanto para as empresas, já que tudo está interligado. Nenhuma economia sobrevive sem consumo. Se as empresas sofrem, o investidor também irá padecer.

Pode ser que não estejamos mais vivos quando este cenário surgir, mas como hoje em dia, as mudanças são extremamente rápidas, acho que é grande a chance de nos depararmos com esta situação nas próximas duas décadas.

O primeiro efeito seria a queda da rentabilidade dos ativos disponíveis no mercado financeiro. O investidor teria que se expor a muito risco a fim de conseguir maior retorno, o que, a princípio, vai contra a mentalidade do FIRE que pensa no longo prazo. Se houver perda significativa de patrimônio, o plano de aposentadoria antecipada poderá sofrer sérios danos ou tornar-se inviável.

A minha segunda preocupação é com o mercado imobiliário, já que menos pessoas estariam dispostas a contrair dívidas de vinte ou trinta anos, com o receio de ser mandado embora do trabalho porque foi substituído por uma máquina ou sistema. Ou simplesmente porque o filho optou por continuar a morar com os pais.

Aumento do valor de contribuição previdenciária e extensão de idade mínima para concessão de aposentadoria podem se mostrar medidas insuficientes para combater os rombos, pois a base de pagantes tende a ser cada vez menor perante o número de beneficiários já aposentados.

Em suma, o prognóstico não é animador.

Daí, como salientei aqui, ser milionário hoje não quer dizer nada, pois daqui a vinte anos, por exemplo, com o efeito da inflação, tal valor terá notória redução. Se a economia mundial continuar nesta toada, a tendência, a meu ver, é que será cada vez mais difícil a vida do FIRE, pois apesar do efeito dos juros compostos, o grau de rentabilidade corre risco de se tornar muito baixo.

O que poderia atenuar tal dificuldade seria aumentar o nível de aportes, pois são eles, verdadeiramente, que trazem riqueza, já que são os pilares do patrimônio amealhado. A rentabilidade é apenas a cereja do bolo.

Não quis ser pessimista com esta postagem. É apenas uma opinião. E se realmente tudo isso acontecer, não há muito o que possamos fazer. Não podemos ter stress por causa disso, pois não é algo que esteja em nosso controle. Se a aposentadoria antecipada não se concretizar, na pior das hipóteses, você já terá uma boa poupança que lhe permitirá realizar seus sonhos.

Continuaremos nosso bate-papo no próximo post.

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Até mais!

9 comentários:

  1. Vixi, desanimador hein Mente. Já o Jim Colins fala que quando ele começou em investir em 1975 jamais imaginaria que passaríamos por tudo o que passaram nos EUA e o mercado batendo record atras de record. Duas guerras, o 11 de setembro, queda das dotcom, maior crise da historia depois de 1929, Trump..e ai o S&P na máxima histórica subindo 11.78% aa em media nestes 44 anos. Então nao sejamos tão pessimistas, as coisas sempre se ajeitam e novas oportunidades surgem. O ser humano é muito adaptável. Abcs e sigamos aportando.

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  2. Concordo com o AA40. Com todas as dificuldades que citou, será que na crise de 1929 por exemplo não haviam pensadores se questionando em como seria o futuro econômico e sua possível ruina? Nós temos esse dom de nos reinventar

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  3. Olá, AA40 e Engenheiro Investidor! Tudo bem com vocês?

    Acho que o post trouxe o pior cenário possível. O fato novo, não encontrado nas crises pretéritas, é a diminuição do mercado consumidor. Não sabemos como a economia irá reagir com esta perspectiva.

    Mas como expliquei na postagem, não sou Michel de Nostredame. Talvez, minha divagação nem venha a ocorrer. Creio ser mais factível longos períodos de taxas de juros baixas ou negativas, o que, sem dúvida, irá diminuir a rentabilidade dos produtos disponíveis no mercado financeiro, o que, consequentemente, poderá atrasar o plano de um FIRE.

    Mas vida que segue!

    Abraço.

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    1. Entendo seu ponto mas não vejo o consumo diminuindo. Pode parecer isso dentro da comunidade Fire mas fora dela 99% continuam consumindo praticamente tudo o que ganham.
      A queda dos juros é realidade no mundo mas veja que isso empurra todo mundo para a renda variável e Fiis e isto nos beneficia também. Pode ser o gatilho da nova crise mundial também mas estaremos esperando para comprar mais quando isso acontecer. O mundo não vai acabar só mudar como sempre muda. https://youtu.be/OOGU94eL07E
      Abcs

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    2. AA40, primeiramente, agradeço por compartilhar o seu conhecimento com a comunidade Firesfera. Como já disse, estou aqui para aprender. Nada sei. Não conhecia este canal do Youtube que você indicou. Gostei do conteúdo. Já me inscrevi.

      Se houver crise, nós devemos estar preparados para comprar bons ativos a preços mais baixos. Daí, a importância da reserva de oportunidade. Especialmente, no Brasil, se houver uma correção mais drástica, acredito que este pessoal que está entrando na renda variável agora, sem estudo, irá vender na primeira oportunidade, produzindo o efeito manada. Na outra ponta, estaremos lá para comprar.

      Mais uma vez, obrigado.

      Abraço.

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  4. Acho que às crises estão sendo causadas pela queda da natalidade e a queda do crescimento real dos salários, sabemos que a concentração excessiva de renda nos 'super-ricos' prejudica o consumo, aliás, quando falo em 'super-ricos' falo de gente com mais de US$ 10 milhões.

    Hoje muita gente comemora a digitalização de algumas profissões, pobres coitados, hoje são espectadores da própria desgraça.

    Porém devemos ser otimistas, o mundo já assistiu muitas mudanças disruptivas na sua história e sempre se adaptou e seguiu em frente, acho que estamos a 10 a 15 anos de uma grande mudança, não sei o que virá, mas vamos dar um jeito e seguir em frente.

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    1. Olá, Sr. Jovem, muito bom tê-lo novamente aqui.

      Concordo com sua posição. Sem querer entrar na esfera político-partidária, não acho interessante para o futuro da sociedade, o enfraquecimento dos direitos trabalhistas, pois as máquinas e inteligência artificial estão aí para tomar nosso lugar. É muito cômodo dizer que isto é o sinal da evolução tecnológica, mas aposto que a pessoa que fala isso mudará rapidamente de ideia se for avisada que perderá o emprego para uma máquina no dia seguinte.

      Falo por mim. Sou funcionário público. Fazendo uma análise bem fria do meu dia-a-dia, acho que, no máximo, em 5 anos, teremos um sistema que possa me substituir. No início, o governo terá gastos com sua implantação, mas é um custo que se paga muito rápido. Basta ter bons servidores de computação, rede de comunicação eficiente, nada mais. A economia seria gigantesca para os cofres públicos.

      Mas o que fazer com esta massa humana sem trabalho? Deixo a pergunta no ar.

      Vocês devem ter percebido que tenho uma mentalidade mais pessimista e admito. Tento combater este viés. Já melhorei, garanto. Mas é porque procuro ver a vida de uma maneira mais realista. Não gosto de usar qualquer tipo de subterfúgio para mascarar a vida como ela é.

      Notei que boa parte dos FIRE são pessoas mais introvertidas e que buscam a Internet exatamente à procura de pessoas com o mesmo interesse, já que é um tema pouco difundido entre grande parte da população. Considero-me como tal. Isso justifica, em certa medida, o meu "amor" por animais, como expliquei nos primeiros posts deste blog. Já me decepcionei tanto com seres humanos, inclusive no negócio que minha esposa tem (pequena empresa no ramo de pet shop), que acabei perdendo a fé nos mesmos. Daí, resolvi fazer parte de grupos assistenciais para tentar recuperar tal sentimento.

      Mas vocês me ajudam com estes comentários para melhorar o meu astral. Como enfatizei nos primeiros posts deste modesto espaço, o blog para mim é como uma espécie de diário. Já devem ter reparado que não trato apenas da busca pela independência financeira. Visualizo-o como um instrumento para trocar ideias e angariar conhecimento, pois aprendemos todos os dias alguma coisa, inclusive em outros aspectos da vida, não relacionados diretamente com investimentos. Poder não ser útil hoje, mas poderá ser no futuro.

      Agradeço.

      Abraço.

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    2. Pessimismo, essa é uma questão que tem que ser analisada com equilíbrio.
      Tratar alguém pura e simplesmente como pessimista e com isso desqualificar a opinião dessa pessoa pode ser um grave erro. E se a opinão pessimista estiver correta?

      A vida não é feita apenas de coisas boas, portanto é bom nos precavermos na medida do possível contra possíveis problemas ou crises e isso não é pessimismo, é prudência.
      O discurso motivacional difundido especialmente pela internet se mal utilizado por seus consumidores podem fazâ-lo de certa forma ignorar ou estigmatizar pessoas com opiniões ou comportamentos menos entusiasmados, mas discretos ou críticos.

      Realismo é a caracterísitica mais equilibrada, até porque temos falsos otimistas por aí, aqueles que fingem para si mesmo e para outros que são alto astral.

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    3. Por isso espere o melhor mas prepare-se para o pior.

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