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sábado, 26 de outubro de 2019

Já ouviu falar de investimentos com correspondência negativa?

Olá! Tudo bem?

Se é sua primeira vez aqui, conheça um pouco de minha história aquiaqui e aqui. Recomendo, fortemente, que leia também todos os posts deste espaço para sentir como sou, como penso, pois você pode se identificar com o Mente Investidora. Ler apenas um post pode te induzir a ter uma interpretação errônea de quem eu sou e como busco a independência financeira. Fica a dica. 

Já ouviu falar de investimentos de correspondência negativa?


Em poucas palavras, são ativos, disponíveis ou não no mercado financeiro, que comportam-se de maneira contrária, quando se compara um com o outro.

Temos vários exemplos.

A começar pelo Dólar, cuja cotação, normalmente, cai quando o Real e/ou Bolsa de Valores brasileira valoriza-se e vice-versa.

De igual maneira, temos o ouro e metais preciosos (chamados por alguns de reserva de valor) que costumam se valorizar quando os investidores estão receosos com o cenário econômico no momento. Alguns os vêem como investimentos a longo prazo, mas a grande maioria dos experts argumenta que os metais preciosos costumam empatar ou até perder para a inflação no longo prazo, mesmo em vista do aumento da escassez dos mesmos com a contínua exploração pelo homem.

Imóveis físicos também podem ser considerados nesta categoria de investimento, já que possuem natureza material, não deixando de existir, mesmo em um cenário de hecatombe do mercado financeiro. Ele sempre estará lá.

Mas o real objetivo deste artigo é mostrar que podemos encontrar investimentos interessantes fora do mercado financeiro. Já pensou em instalar em sua casa um sistema de placas fotovotaicas que irá converter luz solar em eletricidade?

A depender do ritmo de produção de energia (época do ano com maior incidência solar), sua conta poderá vir zerada (você só seria obrigado a pagar a taxa fixa obrigatória e o custo da bandeira a depender da época do ano).

É inegável que nos últimos anos, o custo de energia subiu consideravelmente, sendo que nos próximos anos, é possível, para não dizer provável, que continue a aumentar, já que a maior parte da produção de energia elétrica provém das hidrelétricas que dependem de boa vazão de água para acionamento das turbinas. Com os problemas ambientais, especialmente o escasseamento de água, por exploração irregular, contaminação, assoreamento de rios, etc, a tendência é que o consumidor terá uma conta mais alta a pagar.

O fato de o Brasil pode contar com termelétricas, por exemplo, não afasta o problema, já que há um custo extra envolvido quando as mesmas entram em operação. E, no final das contas, quem paga este plus é o consumidor final.

Instalei o sistema em 2012 na antiga casa onde morava e trouxe-o para minha nova morada. De lá para cá, a tecnologia evoluiu, com o aumento da capacidade de produção de energia elétrica, via inversor de corrente, pelas placas que são instaladas no telhado. Com o aumento de produção em escala (há notícia de que uma empresa chinesa vai produzir painéis no Mato Grosso - veja aqui), os preços estão caindo, apesar que ainda em um ritmo menor do que imaginava.

Falando na condição de usuário, faço as seguintes considerações: mesmo que esteja fazendo sol no momento, se a rede da companhia elétrica estiver inativa, seu sistema (chamado on grid, veja mais aqui) não gerará energia, a fim de evitar que algum funcionário possa tomar um choque fazendo manutenção na fiação; de tempos em tempos, é necessário lavar as placas (com detergente e água) a fim de garantir a eficiência das mesmas; com o passar do tempo, o índice de eficiência da placas vai diminuindo, sendo que a expectativa média das mesmas é por volta de 20/25 anos; não é gerado nenhum ruído durante o funcionamento do sistema; mesmo com tempo nublado, as placas/inversor conseguem produzir energia.

Elon Musk também viu oportunidade neste nicho com a Solar City (veja aqui). Em terras brasileiras, a Eternit (aquela que foi proibida de fabricar telhas de amianto) está desenvolvendo telhas fotovotaicas (veja aqui).

O Brasil, dada sua posição no globo terrestre, deveria ser a nação com mais uso desta matriz energética, mas não é. Adivinha qual é o país que está nas primeiras posições do ranking? A Alemanha. Isto mesmo. Os germânicos que não possuem tanto sol assim durante o ano, estão fazendo história (veja aqui).

Se seu sistema produzir mais do que você consome, o excedente é jogado na rede elétrica da concessionária de sua região, gerando um crédito que poderá ser usado quando for época de chuvas, momento em que a produção de energia elétrica irá cair. Você também tem a opção de usar o crédito para outra unidade consumidora.

Você pode se inteirar melhor do assunto lendo a Resolução n. 482/2012 da Aneel aqui. De forma sucinta, para instalar o sistema, você deve procurar uma empresa com know how (estamos falando de energia elétrica que pode matar, em última instância) e boa reputação, por meio da qual, abrirá um processo junto à concessionária de sua região. O processo, se estiver bem documentado e atendendo toda a legislação atinente ao caso, não costuma levar mais do que um mês.

Na semana passada, uma notícia divulgada na imprensa falava da possibilidade do governo criar uma regra que diminuiria o crédito do consumidor, quando o excedente de produção fosse jogado na rede elétrica (veja aqui).

Particularmente, acredito que tal mudança na legislação não irá vingar, pois é mais um imposto disfarçado. Ademais, não faz sentido tributar um "bem" decorrente de um fenômeno da natureza, disponível para todos, de maneira indistinta (tal questão poderia ser judicializada, caso a alteração seja aprovada). Por fim, soa extremamente contraditória uma atitude desta em face do momento que vive o mundo hoje com relação à política do meio ambiente.

Outro ativo fora do mercado financeiro que, a meu ver, tem muito futuro, são dispositivos que produzam água potável a partir da captação da umidade do ar ou da dessalinização da água do mar. Empresas, inclusive no Brasil, estão tentando desenvolver tal tecnologia. A grande dificuldade é fabricar algo com bom custo-benefício e que não tenha o tamanho de um gerador de energia a diesel, por exemplo.


Abrir um negócio também pode ser considerado um investimento com correspondência negativa, já que não está ligado diretamente ao mercado financeiro. Obviamente, o empreendedor fica sujeito aos momentos econômicos, mas não é porque a ação da empresa "A" despencou 10% em um dia, levando o mercado acionário junto, que o negócio irá sofrer ou sucumbir.

Se você vê outros ativos com correspondência negativa, indique na seção de comentários para que todos nós possamos discutir.

Continuamos nosso bate-papo no próximo post.

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Até mais!

6 comentários:

  1. Certa vez participei de um curso de energia fotovoltaica pois estava participando do planejamento de uma implantação de uma usina de 2MW. Mas infelizmente não foi pra frente.

    Enquanto nos países mais desenvolvidos pagava-se pela energia excedente e tinha toda uma política de subsídios, aqui só pensam em taxar tudo. Complicado

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    1. Olá, Engenheiro Investidor! Tudo bem? Pois é. Esta proposta da ANEEL chega a ser ridícula. Vai totalmente na contramão de tudo que está sendo feito no mundo.

      Se a pessoa que tem condição econômica de comprar o sistema e passa a produzir sua própria energia, a sobrecarga no sistema será menor, com o benefício de que o excedente irá para a rede.

      Então, para o governo é ótimo, até porque o sol está aí todos os dias, de graça.

      O Estado deveria, na verdade, incentivar a iniciativa, concedendo subsídios para quem instalasse o sistema.

      Grande abraço.

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  2. A "burrocracia" vai matando, pouco a pouco, excelentes iniciativas.
    Fomentar tal desenvolvimento tecnológico (painéis fotovoláicos), além de permitir (num futuro muito longíquo) que as pessoas dependam menos do Estado, permite produzirmos com um pouquinho menos de dano ambiental.
    Se dermos passos, ainda que bem pequenos nessa direção, certamente as coisas melhorarão muito no país!

    Já te add no blogroll tb

    Abc

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    1. Olá, Funcionário Público Investidor! Pois é. Um verdadeiro contrassenso. Mas torçamos para que a razoabilidade prevaleça. Abraço.

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  3. ALFREDO DE CARVALHO NETO30 de outubro de 2019 às 21:55

    BTC em carteira privada pode ser um excelente ativo com correspondência negativa similar ao ouro porém na minha crença melhor desde que não exceda 5% do patrimônio...

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    1. Olá, Alfredo! Tudo bem?

      Ótima lembrança. Criptomoedas também podem ser considerados ativos com correspondência negativa, já que não possuem conexão direta com o mercado financeiro/acionário.

      É um ecossistema à parte com suas próprias regras. Mas como você bem disse, se a pessoa se sentir confortável em ter cripto em sua carteira de ativos, que seja uma parcela menor, tratando-a como uma aposta mesmo, já que algo que traz muita volatilidade e pelo fato de não sabermos se elas irão vingar e em quais termos.


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      Abraço.

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