Já disse em outro post que o indivíduo que percorre as ladeiras da caminhada FIRE precisa ter leveza para suportar as dores que surgirão. Podem até serem dores físicas, mas, a meu ver, a maior preocupação é com relação à saúde mental.
Encontrar o ponto de equilíbrio entre o ato de poupar e o ato de viver a vida HOJE, pelo menos para mim, é a parte mais complicada. Estou falando sério. Acho mais desafiador do que aumentar o valor dos aportes e escolher os investimentos que vão compor a carteira previdenciária (aqui, não há segredo, muito estudo, bom senso e ciência de que haverá ganhos e perdas), até porque na qualidade de funcionário público, tenho alguma tranquilidade financeira por saber que não terei variações drásticas em minhas remunerações a cada mês. Ademais, pelo fato de ter não ter filhos e de não possuirmos grandes exigências consumistas, o nível de poupança mensal chega a quase 70%.
Já disse que por causa dos animais resgatados das ruas que cuidamos, nossa disponibilidade para viajar é baixíssima, já que é inviável levá-los para um hotel de bichos em face da quantidade (27, ao todo). Deixá-los sozinhos, nem pensar, pois não queremos criar problemas com os vizinhos por causa do barulho dos latidos. Já tentamos encontrar alguém que pudesse ficar em casa neste período, mas a questão da confiança é muito complicada.
Já viajei para a Europa por 4 vezes (há muitos anos atrás) e minha esposa visita seus parentes no Paraguai, a cada 2 anos. Da última vez que viajamos juntos, quando só tínhamos 2 cães, tivemos uma experiência ruim, pois quando regressamos e fomos pegá-los no hotel, levaram uma eternidade para nos atender. Daí, a ilação que tiramos é que estavam ajeitando o local que, com certeza, não estava do jeito que deveria estar. Daí, não queremos nem imaginar o que eles pode ter sido obrigados a passar lá durante a estadia.
Já que para mim viajar é algo, hoje, praticamente impossível, procuro fazer coisas que não me façam imergir nas profundezas do mundo dos investimentos e, por conseguinte, ficar obcecado por acumular mais dinheiro no menor tempo possível.
Apesar de minha qualidade do funcionário público com estabilidade e remuneração adequada, o horizonte para os próximos anos é sombrio. As políticas governamentais, ultimamente, tem focado em congelar os "salários". Daí, já vislumbro que a tendência é que meu poder de compra vai cada vez mais rarear. Sendo assim, meu psicológico (sou uma pessoa naturalmente pessimista - sei que isso não faz bem e estou lutando para mudar isso) começa a me incentivar a manter alto o nível de poupança a fim de, maneira preventiva e antecedente, minorar ou, na melhor das hipóteses, anular este decréscimo que terei na minha renda por causa do efeito corrosivo da inflação.
Pode não funcionar para você mas para mim, é ótimo. Não sei se deve ao fato de que durante o nado, você está preocupado em manter o ritmo da respiração, das braçadas e pernadas. Consigo focar só nisso. O meu psicológico viciado até tenta, em alguns momentos, me induzir a ficar imaginando coisas ligadas a investimentos, rentabilidade, etc. Mas leva pouquíssimo tempo até que meu cérebro volte a se concentrar, tão-somente, no nado.
Tenho piscina em casa, mas não utilizava por preguiça de jogar produto, limpar, etc (uma vergonha, não é mesmo?). Quando minha taxa de glicose chegou ao limite aceitável (tenho 42 anos e meu pai faleceu em virtude de consequências geradas pelo diabetes), o alerta amarelo acendeu. É sempre assim. O ser humano, muitas das vezes, só muda o seu estilo de vida quando, efetivamente, sofre um choque. O medo da morte ou de padecer na cama para o resto da vida por causa de uma enfermidade qualquer são muito poderosos.
A opção pela natação deu-se porque preservo minhas articulações para a terceira idade, já que não há qualquer tipo de impacto. Não bastasse isso, a atividade propicia um ganho rápido na capacidade cárdio-respiratória, apesar de não servir para ganhar massa muscular. Em pouquíssimo tempo, minha resistência em subir escadas, por exemplo, aumentou de forma abrupta.
Então, fica a dica. Se não gosta de natação ou é difícil para você conseguir um lugar para praticar o nado, não deixe de praticar alguma atividade física que lhe propicie prazer e, se possível, que faça você se desligar por completo das agrugras de nosso mundo, pois, a longo prazo, isso dará frutos que não podem ser exprimidos em cédulas e moedas.
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Continuamos nosso bate-papo no próximo post.
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Até mais!
Bacana MI. Concordo que poupar e investir é a parte mais fácil da caminhada FIRE. O difícil mesmo é mudar o mindset, os hábitos, as pegadinhas que nossa mente arma para tentar sabotar seu plano é que é o maior perigo. Devemos estar sempre alertas observando a nós mesmos. Abcs
ResponderExcluirRealmente. Como boa parte das pessoas que buscam a independência financeira possuem longos horizontes de aportes (no mínimo, 10 anos), a fortaleza mental é necessária. Dizem que nós vivemos a corridas dos ratos. Todos os dias são iguais, nada muda. Na vida de um FIRE, da mesma forma. A rotina pode massacrar a pessoa que pode pensar a não ver sentido no ato de poupar a longo prazo. Por isso, o mental tem que estar bem. Abraço.
ExcluirEstamos juntos MI, também estou no serviço público e penso que já vimos o "apogeu" e já vislumbramos "a queda". Não me acho pessimista por pensar assim, vejo pelo lado positivo, já que está nos motivando a repensar hábitos consumistas e quem sabe pensarmos em outras formas de renda, que podem até exigir mais da nossa criatividade, auxiliar pessoas, enfim, pode ser uma forma de aprendermos coisas novas. Por exemplo, para você que gosta tanto de pets, é uma área em que o "céu é o limite" para expansão.. talvez seja possível treinar pessoas para ofertar esse serviço que você mesmo precisa (cuidar dos animais), ou criar um espaço para receber outros cães quando os donos precisam viajar... Vivo pensando no que posso fazer, seja dar aulas em faculdade, seja montar algum negócio (pequeno para não arriscar), de modo que meu marido possa tocar enquanto auxilio nos investimentos/ideias...
ResponderExcluirOlá, Consciente Escolha! Na verdade, tenho um pet de venda de produtos que funciona em casa mesmo, mas vou explicar num post futuro que empreender é muito mais difícil do que as pessoas pregam. Mas é como você disse. Este futuro nada promissor nos faz agir. Temo pelos muitos outros colegas acomodados que sofrerão bastante nos próximos anos caso não possuam a mentalidade de poupar. Abraço!
ExcluirAdicionei!
ResponderExcluirSeja bem vindo!
Obrigado! Juntos, somos mais fortes! Grande abraço.
ExcluirExcelente, MI!
ResponderExcluirEu fiz do hábito de poupar uma coisa que me deixa feliz e, já te adianto, tão importante quanto saber o que nos faz feliz é sabermos o que nos deixa pra baixo. Muitas vezes pode ser ruim ao se separar com algo que você TEM que abrir mão mas não consegue.
Um forte abraço!!
IF
Intendente Frugal, perfeito o raciocínio. Da mesma forma que o investidor deve se aproximar de um comportamento saudável e que proporcione felicidade, devemos nos isolar de atitudes e pensamentos que nada nos acrescentarão. Abraço.
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